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# Alfredo da Silva eleito para a administração da Companhia Aliança Fabril (1893)
# Pedro Neves
Ofício da Companhia Aliança Fabril de 3 de abril de 1893 dirigido a Alfredo da Silva, informando-o de que fora eleito diretor substituto na assembleia geral da empresa realizada no dia anterior.
O destaque desta simples folha de papel justifica-se pelo valor simbólico que encerra. A carta assinada por António José Gomes Netto, presidente da Mesa da Assembleia Geral da Companhia Aliança Fabril, formaliza a entrada de Alfredo da Silva nos órgãos de governo de uma empresa da indústria química, a área chave do grupo empresarial que viria a construir. Em abril de 1893, a poucos meses de completar 22 anos, Alfredo da Silva já tinha debutado nas reuniões de assembleia geral de companhias da praça lisboeta, entre as quais as do Banco Lusitano. É precisamente por via do seu envolvimento nesta instituição financeira que Alfredo da Silva entrou para os órgãos sociais da Companhia Aliança Fabril. Esta companhia tinha sido fundada em 1881 por iniciativa daquele banco para explorar uma fábrica de óleo de purgueira e de sabão situado em Alcântara, que estava no seu ativo em resultado de um crédito malparado. No início da década de 1890, o Banco Lusitano enfrentou graves dificuldades financeiras que acabaram por se repercutir na Companhia Aliança Fabril, em virtude das ligações próximas que existiam entre as duas entidades. Alfredo da Silva, já como diretor do banco e estando ao corrente da situação vivida na empresa química, participou na assembleia geral de acionistas de 2 de abril de 1893, tendo-se evidenciado na oposição à direção que tinha governado a companhia até então. Acabaria por ser eleito para os novos órgãos sociais, com o cargo de diretor substituto, e ainda ser nomeado para a comissão de reforma dos estatutos da companhia. A sua condição de membro substituto da direção não se arrastaria por muito tempo, pois quando os novos órgãos sociais tomaram posse em junho, Alfredo da Silva já os integrou como administrador-gerente. É nesse papel que assinou o relatório e contas relativo ao exercício de 1893, onde é feita uma descrição pormenorizada do estado em que a nova administração encontrou a empresa química e das iniciativas tomadas no segundo semestre daquele ano. Passados cinco anos, em 1898, os acionistas da Companhia Aliança Fabril deram o seu aval à fusão com a Companhia União Fabril, que era proprietária de uma unidade industrial vizinha que fabricava a mesma gama de produtos. Desta operação de fusão entre as duas sociedades resultaria a “nova” Companhia União Fabril, em cujo Conselho de Administração Alfredo da Silva se manteve como um dos administradores gerentes. Nas quatros décadas seguintes, sob a sua liderança, a Companhia União Fabril tornar-se-ia na maior organização industrial do país, em torno da qual emergiu o grupo empresarial diversificado que tomou o seu nome.

Carta da Companhia Aliança Fabril de 3 de abril de 1893.