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# Um trabalho de gestão e desenvolvimento de quadros no grupo CUF
# Álvaro Ferreira da Silva
Em 1968, o Stanford Research Institute realizou um trabalho de consultoria para a Empresa Geral de Fomento, no sentido criar uma política de desenvolvimento de quadros no maior grupo português, então num processo acelerado de crescimento e diversificação de atividades. Uma cópia deste trabalho pioneiro está depositada no arquivo.
O Stanford Research Institute (SRI) fora criado pela Stanford University em 1946 como um instituto de investigação e desenvolvimento para contratos com a Defesa americana. Nos anos 60 já desenvolvia uma atividade continuada de estudos de consultoria para empresas. Não era a primeira vez que o instituto californiano realizava trabalhos de consultoria e investigação para o grupo CUF. Num primeiro relatório – cuja cópia não existe no arquivo – o SRI propusera uma política de cursos de executivos para os quadros superiores do grupo. Propusera também a constituição de uma Task Force interna para promover a recolha de informações sobre os quadros. Esta Task Force fora criada no âmbito da Empresa Geral de Fomento (EGF), empresa do grupo CUF que desempenhava funções de coordenação financeira, estudos económicos e análise de mercado para o grupo, bem como funções de assessoria à gestão familiar de topo. A Task Force era presidida por Samuel Levy, quadro superior da EGF, coadjuvado por Luís Cabedo e Manuel Monteiro da Norma, empresa do grupo especializada em tecnologia da informação e recursos humanos. Em 1968, o SRI é convidado a juntar-se à Task Force com dois objectivos: coordenar a recolha de informação e propor um programa de formação de quadros. Os três representantes do SRI eram especialistas em sociologia das organizações, educação para gestão e investigação operacional. A esta equipa associou-se também Harry M. Makler, autor duma tese de doutoramento na Universidade de Columbia sobre a elite empresarial portuguesa. Este relatório - "Management Development in Companies of the CUF Group: Phase II", Stanford Research Institute and EGF Task Force, 1968 - constitui o resultado desta segunda fase. Tem por base as respostas a um extenso inquérito a cerca de 90% dos gestores do grupo, totalizando mais de 600 quadros, a que se seguiram entrevistas individuais. O relatório propõe um programa de formação interna de quadros, que mobilizava práticas de mentoria on the job e cursos internos sobre marketing, gestão orçamental, controlo de gestão e planeamento estratégico. Propunha ainda a criação de uma base de conhecimento sobre os gestores do grupo, que permitisse a gestão do seu desenvolvimento de carreira e fazer face a necessidades de quadros no universo do grupo CUF. Antecipava os programas de knowledge management hoje comuns e destinados a identificar, organizar, reter e disseminar o conhecimento no interior duma organização.
(cf. o texto da minha autoria “O Grupo CUF, Escola de Gestão” in Actas da Conferência Nacional 150 Anos de Alfredo da Silva, Manuel Braga da Cruz coordenador, Cascais, Principia, 2022)

Phase II, Stanford Research Institute and EGF Task Force, 1968