DESTAQUES
# O Desenho nº. 127.
# Deolinda Folgado
O desenho n.º 127, designado de “Companhia União Fabril. Plan general des Usines de Santa Barbara, Barreiro-Lavradio, Echelle – 1:2000” e a planificação inicial do território da CUF.
O desenho n.º 127 é dos mais importantes para se perceber a transição para um Barreiro industrial, que ficou indelevelmente marcado pela implantação e desenvolvimento das várias fábricas do grupo CUF e pelo incremento do vasto programa social promovido pela empresa. Tendo a fábrica de adubos das Fontainhas, em Alcântara, necessidade de se ampliar, e, após se analisarem outras hipóteses, a escolha recaiu por uma localidade a sul do Tejo. A 21 de fevereiro de 1907, realizou-se a escritura do terreno que pertencia à firma Bensaúde, criando-se, deste modo, a condição base para a expansão do complexo industrial da CUF a sul do Tejo em toda a frente rio (Barreiro-Lavradio) e até à linha férrea. Ora, o desenho n.º 127, designado de “Companhia União Fabril. Plan general des Usines de Santa Barbara, Barreiro-Lavradio, Echelle – 1:2000”, pode ser considerado um dos primeiros registos gráficos que nos permite compreender o que existia no território adquirido por Alfredo da Silva, extravasando até um pouco mais do que a área comprada, para além de constituir um primeiro plano de conjunto que organiza as primitivas construções fabris da autoria do engenheiro Stinville. Apesar deste plano geral não ter data nem autoria, acreditamos que seja um documento atribuível a Stinville ou à sua equipa, ainda redigido em Francês, e que possa datar dos últimos anos da primeira década do século XX. O desenho n.º 127, é assim, o primeiro repositório de um território em transformação onde ainda coexistem os limites de propriedade antiga e as respectivas designações, tal como outras funções aí existentes ligadas à proximidade do rio, como as marinhas, representando-se até a localização do cemitério antigo. Interessante é constatar que o novo planeamento industrial que irá acolher as novas fábricas de adubo químico organizará perpendicularmente ao rio as futuras edificações. Este planeamento valorizou a funcionalidade associada à circulação da linha férrea e sua articulação com o Rio Tejo, bem patente na definição e orientação dos arruamentos, entre os quais se construíram as grandes naves que iriam receber o fabrico da laminagem de chumbo e de ácido clorídrico, por exemplo. Orientação que o primitivo bairro operário irá acompanhar ao implantar-se numa espécie de plateau sobranceiro aos vários edifícios fabris, começando-se a antever o embrião das várias áreas funcionais do próprio complexo CUF.

Desenho nº. 127: Plan general des Usines de Santa Barbara